10 de junho de 2015

Pra nós (e pro mundo inteiro), todo amor do mundo

(Estou aqui apenas para não falar sozinha)    

     Na verdade, talvez eu até esteja falando sozinha já que nem tenho mais 200 leitores como antes, e faz anos que não venho aqui. Mas se você faz parte da pequena parcela do mundo que veio parar aqui (você faz parte de tipo, 0,00001% da população. É serio. Pode ser menor que isso. Sinta-se abençoado! Foi o destino que te trouxe aqui! Ou um link do Google, nunca se sabe).
     Enfim, sou uma estudante do ensino médio apenas, católica, com pais católicos, etc, etc. Em meio a esses dramas de vestibular e provas, sempre acabo aliviando essa pressão toda assistindo séries de terapia e conversando com minha cachorra. Sim, eu converso com minha cachorra e não me sinto louca por isso, porque sei que muita gente conversa sozinho, eu pelo menos tenho um ser vivo não fotossintetizante pra me ouvir. E em meio a essas conversas todas, eis que estava vendo alguns vídeos no youtube e me aparece aquele propaganda super polêmica em que pessoas se abraçam. Sim, estou falando da propaganda do Boticário. E esses dias eu vi uma campanha da Coca Cola com um casal gay e um filhinho, e a frase em cima "Nós escolhemos a felicidade ao invés da tradição", lá vem um
monte de comentário sobre a família tradicional brasileira, etc, etc.
    Sei lá, só queria me expressar aqui. Por que as pessoas querem se meter tanto no amor e na felicidade das pessoas? Entre os comentários que já ouvi e li, tem um que diz o seguinte: "o problema das propagandas, é que elas influenciam crianças, influenciam pessoas a serem gays, existem pessoas que nem são gays, nem sentem atração pelo mesmo sexo, mas por conta dessas coisas todas que a mídia impõe hoje, acabam se tornando". Essa frase pra mim é tão problemática. Primeiramente quero dizer que os pais são responsáveis pelo que seus filhos assistem, então não culpem a mídia por isso. Segundamente (eu vou falar segundamente mesmo, porque não tem corretor nenhum aqui pra falar que isso é errado. Chupe ENEM), se a gente gostasse das pessoas por pura influência, não existiriam gays, a quantidade de livros, filmes, novelas sobre romances héteros é infinitamente maior do que de romances gays, então não, essa não é uma boa justificativa pra quererem boicotar uma propaganda, eu sou hétero, sempre fui e sempre serei, mas não por influência nenhuma de mídia e essas coisas todas.
     E lá vem a parte que mais me revolta "existem pessoas que nem sentem atração pelo mesmo sexo, mas por conta dessas coisas que a mídia impõe, acabam se tornando". Veja bem, eu sei o que eu sinto, eu sei de quem eu gosto, mas de quem você gosta ou o que você sente, mesmo que você me fale, nunca entenderei 100%. Quem vê cara, não vê coração. Quem é você pra falar se aquela pessoa sente ou não sente atração por fulano ou siclano? Não me diga que é pela forma que ele fala, se veste ou age, porque o nome disso é julgar. Nenhum ser humano tem o poder de saber o que se passa no coração do outro. Além disso, existem milhões de casais héteros, em que as duas pessoas estão juntas por puro interesse, por comodismo, tem gente que não sente atração pelo parceiro, mas está lá 10, 15 anos juntos. Vai criticar também? Como você pode ter certeza que sua amiga que está casada com um cara há 20 anos gosta mesmo dele? Sente desejo por ele? Ela pode nem sentir atração por ninguém. Mas cabe a você falar que isso é certo ou errado? As pessoas escondem sentimentos, sejam elas gays ou heteros. E não cabe nem a mim nem a você, querer resolver isso.
     Outra coisa que eu escuto muito é que o fato de hoje em dia as novelas mostram casais gays, beijo gays, e propagandas até que bonitinhas como a do Boticário com gays se abraçando, porque querem que a gente engula o homossexualismo como algo natural. E não é? Por que isso não seria natural? Vou me contradizer agora, pois eu acredito até que a mídia influencie sim. O número de gays assumidos hoje é bem maior do que antigamente, não por nenhuma comprovação cientifica que eu li, mas pelo que eu vejo mesmo. A mídia sim, teve um papel importante nisso. Ela mostrou que as pessoas podem se aceitar como elas são, que elas não têm motivo pra achar que o que elas sentem é esquisito, é tão normal quanto um homem gostar de uma mulher e vice-versa. Não é doença. Ela mostra que o fato de você gostar de uma pessoa do mesmo sexo que o seu, não te impede de comemorar o dia dos namorados como os heterossexuais comemoram. Afinal, qual o problema de amar? Não entendo qual é o problema de dois homens se beijarem em um novela das nove. Se duas pessoas se amam e se gostam, por que elas não podem se beijar e ficar juntas? Eu concordo que essas propagandas tem um objetivo de lucro também, já que os consumidores podem aumentar, é um incentivo a compra sim, mas por que não um incentivo para que as pessoas sejam felizes como elas são? Independente do que o coração delas escolheu?
     Como provavelmente não tem ninguém lendo, não vou economizar palavras aqui. Sou uma velha e assisto á Ellen Degeneres, um programa de entrevistas (muito divertido por sinal, rio muito, GNT, todo dia 14hrs) americano, em que inclusive, Ellen, é lésbica (a esposa dela é a Portia, uma loirinha que atua em Scandal), e esses dias eu estava vendo uma entrevista com a criadora (produtora talvez seria a palavra mais correta, não sei) do seriado Transparent (que segundo minhas pesquisas, ganhou o Globo de Ouro de melhor série em 2015). O seriado é sobre um velhinho, pai, que assume à família que é um transgênero (sim, eu sei que gays e trangêneros não são a mesma coisa, mas espere um pouco que você vai entender), o mais incrível é que a história toda é baseada na história do pai da produtora (me desculpem a preguiça, mas não encontrei nem me lembro o nome dela). Durante a entrevista (que inclusive eu chorei, um pouquinho, apenas), a Ellen diz uma coisa interessante, que bom, esse pai era um senhor com a idade avançada já, se ele viveu por tanto tempo sendo homem, por que querer mudar? E ela mesmo responde a pergunta, simplesmente porque ele queria ser feliz esse restinho da vida, sendo quem ele realmente é, como ele sente que é.
      E aí que quero reafirmar o que eu já disse, e dizer mais algumas coisas. Muitas pessoas vivem reprimindo sentimentos, vivendo com quem não sentem atração, vivendo com pessoas pelas quais não são apaixonadas, e daí eu não me refiro somente a quem é gay e vive como se fosse hetero, mas também a heterossexuais, que mesmo sentindo atração pelo sexo oposto, não são apaixonadas, nem realmente felizes com seus companheiros. O que essas propagandas e novelas e beijos públicos tentam mostrar é que essas pessoas podem se abrir sem se sentirem esquisitas, e que é normal sim. O amor é algo normal. Fantástico até. Que gays, lésbicas, transexuais, podem ser felizes sendo quem eles realmente são, sem mascaras. Porque a questão é que é um pouco difícil se abrir quando uma sociedade inteira quer te massacrar.
      Eu disse lá no inicio que sou católica, porque não é segredo que o cristianismo não apoia os gays. Mas eu apoio, porque sou totalmente a favor de as pessoas beijarem quem elas quiserem, serem felizes da forma que elas quiserem, a felicidade e o amor dos outros não me agride, não me ofende. Sou católica porque acredito em Deus, preciso acreditar porque preciso de apoio espiritual, mas não vou me aprofundar nisso porque não é esse o meu ponto. Mas se eu tiver que ir pro inferno por apoiar que as pessoas sejam felizes, eu irei. Não sou a favor da família tradicional brasileira, acho que gays devem adotar crianças sim. São seres humanos como eu e você. Talvez um casal de lésbicas tem mais capacidade de cuidar e educar uma criança do que eu. Não tenho amor ao próximo porque está nos dez mandamentos e vou pro inferno se não fizer assim. Amo ao próximo porque faz bem, ódio só machuca, a mim e ao próximo. Por que complicar a vida? Deixe que as pessoas se amem e sejam felizes, enquanto você julga um e outro e faz seu discurso de ódio no facebook, eles estão lá se amando e talvez sendo mais felizes que você com seu casamento de fachada, apenas porque não queria ficar sozinho. Se você se importa tanto com a saúde da nossa sociedade, do mundo e a influência que a mídia pra sua família e pros seus filhos, desligue a TV e vá ler um livro pra eles, ajude um asilo, faça trabalho voluntário, qualquer coisa vai ajudar mais o mundo do que seus comentários odiosos sobre a relação amorosa dos outros.
     Sei lá, é isso. Sexta é dia dos namorados e eu ficarei sozinha com a minha cachorra, mas sejam felizes com seus namorados e namoradas, agarrem eles mesmo porque amor é tudo o que importa na vida!
     Estava com saudade de falar sozinha aqui, mas foi bom voltar. Um beijo e um abraço apertado.

2 comentários:

Beatriz disse...

Eei estou feliz por você ter voltado a escrever!

Depois de escrever um comentário enorme, vou tentar resumir porque excluí tudo sem querer (dá pra acreditar?!).
Seu texto está muito bem argumentado e explicado, diga-se de passagem, queria ler mais textos assim sobre esse assunto ou qualquer outro que gere bastante discussão.
Sobre o assunto da homossexualidade: embora eu seja contra a união entre duas pessoas do mesmo sexo, tenho muito respeito por todos. Até porque não se pode julgar alguém sem estar em seu lugar, então compreendo. Afinal, as pessoas são podem ser “classificadas” apenas de acordo com uma de suas características, somos muito mais complexos que isso. Às vezes não concordamos com nossos amigos, mas respeitamos sua opinião, seu jeito ou seu ponto de vista, porque os amamos. Aliás, conheço homossexuais e não deixo de ser sua amiga por isso, assim como não deixaria de ser amiga de alguém de outra cultura, religião, de diferentes valores. Pessoas diferentes podem ser igualmente maravilhosas, não é? Precisamos amar as pessoas assim (como você disse, ódio só machuca todo mundo), principalmente quem crê e ama a Jesus Cristo, que é o maior exemplo de amor que se pode citar. Quem insulta e odeia não está agradando a Ele, ainda mais se for sob esse pretexto, o que é deturpar bastante as coisas.
Sinceramente, não vi nada demais para tanta repercussão negativa no comercial da Boticário. Quer dizer, muita coisa que aparece nos comerciais e na TV em geral merece indignação – muitos comerciais de cerveja, por exemplo. Mas, enfim, a mídia e as marcas estão seguindo a mentalidade da nossa sociedade atual (em geral), até porque se não for assim elas ficam pra trás; como você disse, há o aspecto comercial por trás. E, lógico, ninguém se torna gay por causa de um comercial; os pais ou responsáveis tem essa responsabilidade de direcionar o que as crianças assistem, etc., etc.. As pessoas devem ter o respeito como base das relações interpessoais, quaisquer que sejam. Respeitar não é o mesmo que concordar, mas é essencial.

Beijos, Bia
asmelhoresleituras.blogspot.com.br

Atitude com pimenta disse...

Olá!! Tudo bem?
Gostaria de fazer uma entrevista/parceria com vocês. Eu faria uma entrevista com vocês e postaria no meu blog com link direto para o blog de vocês e vocês comentariam no blog sobre a entrevista, dessa forma os dois blogs seriam divulgados.
O meu blog ainda é bem novo, foi criado ontem e ainda não tem quase nenhuma publicação. Mas se vocês gostarem da ideia basta enviar um e-mail pra mim (atitudecompimenta@gmail.com) para que eu possa enviar as perguntas. Se gostar do blog, comece a seguir.
Um grande abraço.

atitudecompimenta.blogspot.com